Dias de saudade
I
Noctívaga,
Quando já éramos um,
Partiram-nos em dois,
Transformando nossas noites de lua
Em dias desertos e perdidos.
Agora, persisto errante a vagar,
Esperando pelos momentos
Em que nos uniremos outra vez...
Para formar o amor pleno –
Incompreendido pelos mortais,
Mas presente na natureza,
Gerando a essência da vida.
II
Noctívaga,
Quisemos morar na noite,
Entre corujas e morcegos,
Onde todos têm medo de tudo.
Porém, nos trouxeram para a claridade,
No seio onde tudo funciona (e impulsiona)
E nada para (para nada),
No meio de engrenagens circulares,
Onde o amor e a paixão não mais existem.
No entanto, resistamos a tudo e a todos,
Suportando até o primordial marco
Em que as correntes umbilicais
Não mais nos enforquem.
(Do livro Sobretudo, publicado em 2010.)
Enviado por Guilherme Mossini Mendel em 22/06/2025
Alterado em 22/06/2025