Monique
Monique era uma menina estranha. O que não era nada estranho era o seu sofrimento por conta disso.
Com catorze anos, frequentava a escola como qualquer garota normal. Mas ela não era normal! Não que tivesse alguma deficiência. Longe disso! Monique simplesmente não estava à vontade com a sociedade em que vivia. Por isso, não se misturava com os colegas, não compartilhava de suas preferências e dificilmente sua voz era ouvida. Nunca tivera amigos nem o amor de sua indiferente família. E, assim, por não ser bonita nem popular, mas peculiar e repulsiva, era vítima de bullying diariamente.
Tudo o que a estudante desejava era ficar em paz. Porém, não a deixavam sossegada nem por um momento. Por onde passava, sempre havia alguma testemunha de sua presença. E quem a notava tinha que ofendê-la; na maioria das vezes, apenas por puro impulso.
Então, exatamente numa sexta-feira 13, enquanto voltava da escola, Monique atirou-se na frente de um ônibus, por não mais suportar a sua situação nem encontrar esperança de um futuro melhor. Alguns dos seus algozes do colégio, que estavam logo atrás, presenciaram toda a ação. E um deles, ao passar pela agonizante desgraçada, sussurrou: “Morre logo, sua maldita bizarra!”. Em seguida, a menina encerrou sua existência, levando consigo um sentimento insaciável de revolta.
Por isso, sem poder descansar nem depois de procurar o descanso eterno, o espírito da estudante começou a sua interminável vingança. Uma a uma, as pessoas que fizeram algum mal a ela passaram a sofrer tragédias terríveis e inexplicáveis. Na maioria das vezes, pouco sobrava dos corpos das vítimas, cujas mortes aconteciam após explosões, acidentes violentos, combustões espontâneas. Realmente, para os vivos, parecia que um fenômeno estranho estaria planejando aqueles acidentes improváveis.
Contudo, ninguém, mesmo depois de um bom tempo, ligou as mortes à finada garota. Por conta disso, ela sentiu que nem assim teriam qualquer consideração por ela e, consequentemente, qualquer arrependimento pelos seus atos malvados. E, desse modo, Monique continua vagando por aí, mais indignada do que nunca, às vezes apossando-se de crianças e jovens de quem os outros debocham para ajudá-los a lidar com essa situação.
Portanto, se você ofende alguém sem qualquer razão, tome muito cuidado, porque tudo o que vai um dia pode voltar. E, por vezes, com uma intensidade bem maior.
Enviado por Guilherme Mossini Mendel em 20/11/2024
Alterado em 20/11/2024